A acne da mulher adulta (AMA) é conceituada como o quadro acneico presente a partir dos 25 anos. A AMA é queixa frequente no consultório e exige do médico uma investigação adequada de doenças hormonais que desencadeiem a acne e que devam ser tratadas. Entretanto, é cada vez mais frequente o aparecimento do quadro acneico nessa faixa etária sem hormoniopatias associadas.
O hiperandrogenismo no sexo feminino é a principal hormoniopatia associada a acne nessa faixa etária. Quando presente, o hiperandrogenismo também é frequentemente caracterizado por seborreia, alopecia e hirsutismo, bem como distúrbios menstruais e disfunção ovulatória, com infertilidade e síndrome metabólica, disfunção psicológica e virilização. Das mulheres com síndrome dos ovários policísticos, principal causa de hiperandrogenismo, 70% apresentam acne.
Contudo, na maioria dos casos de AMA não há uma doença endócrina associada. A causa mais comum está vinculada a uma resposta alterada dos receptores androgênicos cutâneos às mudanças hormonais do ciclo menstrual, fisiológicas, relacionadas com a ocorrência de lesões inflamatórias e até aumento da sebogênese. Há aumento de lesões acneicas em até 60-70% das mulheres, sobretudo no período pré-menstrual. Um estudo epidemiológico realizado na França com 4.000 mulheres demonstrou que 41% das mulheres adultas apresentam acne.
Embora não haja uma associação clara do uso de cosméticos na etiologia da AMA, o uso de cosméticos acnegênicos parece ser um fator relevante no agravamento da acne na mulher após os 25 anos. Quanto ao stress emocional, as pesquisas científicas apontam que cerca de 50% das pacientes referem piora do quadro. Há também evidências de que a acne é mais prevalente e intensa em pacientes fumantes do que nos não fumantes.
Embora não haja uma doença de base na maioria dos casos, o quadro gera grande desconforto para a paciente, não somente pela aparência das lesões ativas, mas também pelo caráter crônico e pela ocorrência de cicatrizes. O tratamento da AMA em pacientes sem doenças hormonais é similar ao da acne vulgar, produzindo os mesmos resultados em tempos semelhantes.
ADDOR, Flavia Alvim Sant’Anna; SCHALKA, Sergio. Acne da mulher adulta: aspectos epidemiológicos, diagnósticos e terapêuticos. An. Bras. Dermatol., Rio de Janeiro, v. 85, n.6, ez. 2010.
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Por Dra. Amanda Sabino